quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pego o canecão, encho até a metade de aguá, viro o botão, acendo o fosforo enquanto vou arrumando com jeito o coador já encardido no suporte de arame. Escuto as bolhinhas se estourando, viro o botão, despejo sobre o pó, e espero cair na medida exata dentro da minha xícara vermelha, mas só me dou por satisfeita quando sinto o melhor cheiro da tarde.
Visto um vestido de flores surrado, dos meus preferidos, um casaquinho para não resfriar.
Alguns passos, cabelo desarrumado, óculos caindo, xícara na mão, vejo a rua. Me acomodo no banco de balanço que herdamos de minha avó, cruzo as pernas, e mantenho a esperança, aquela esperança que tenho desde que você me disse que viria passar uma tarde de chá comigo, rindo de minhas xícaras e de meu cabelo desarrumado, mas sempre elogiando o sabor do meu café e a graça de minhas covinhas. E eu, tão certa de tudo, disse que esperaria todos os fins de tarde, por você.